domingo, 16 de dezembro de 2007

Um rasgo de sorte... para a genética

Ouve-se, muitas vezes, dizer que "a sorte protege os audazes"... E ainda bem que assim é!
Digo isto, pois Mendel parece ter tido muita sorte nas suas experiências. Além da facilidade no estudo da ervilheira (características diferenciadas e contrastantes, facilidade de cultivo, crescimento rápido, obtenção rápida de gerações com muitos descendentes, etc - embora esta planta tenha sido escolhida por ele, tendo em conta estas mesmas carcaterísticas), nos estudos efectuados por Mendel havia sempre dominância completa de um alelo em relação a outro, em relação aos carácter estudados, e não havia polialelismo, o que veio facilitar imenso os trabalhos de Mendel, permitindo-lhe chegar às conclusões correctas sobre dominância completa. De facto, os casos de dominância incompleta ou co-dominância, assim como os de polialelismo, constituem excepções ou extensões da genética mendeliana.
Assim, é caso para perguntar: O que teria acontecido se Mendel escolhesse a planta ou característica erradas?
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Existem três formas de interacção entre os alelos de um gene, com variação do tipo de dominância e dos efeitos fenotípicos: a dominância completa, a dominância incompleta e a co-dominância.

A dominância completa fenótipo dominante. refere-se a casos em que o indivíduo heterozigótico tem um
Já o alelo recessivo apenas se manifesta em homozigotia.
Este é o caso das ervilheira, no caso dos caracteres relativos à cor e forma das sementes, cor e forma das vagens, etc.




A dominância incompleta refere-se a situações em que não há dominância total de um alelo sobre outro.
O indivíduo heterozigótico vai apresentar um fenótipo diferente dos indivíduos homozigóticos, intermédio entre os dois indivíduos homozigóticos antagónicos.
Há, assim, uma expressão parcial de ambos os alelos.
Não ocorre, contudo, a mistura dos alelos, uma vez que, no cruzamento de dois indivíduos homozigóticos de fenótipo antagónico, surgem uma geração F1, de fenótipo intermédio, e, partindo de cruzamentos entre os indivíduos de F1, surge a geração F2, que inclui indivíduos homozigóticos.
Um caso de dominância incompleta é a cor do cravo:

(O cravo central, heterozigótico, apresenta um fenótipo diferente dos dois indivíduos homozigóticos - de cor vermelha e branca, respectivamente - , um fenótipo intermédio entre os dois: a cor rosa)


A Co-dominância diz respeito a situações em que os alelos de expressam ambos completamente, no fenótipo dos indivíduos heterigóticos.
Assim, o indivíduo heterozigótico vai apresentar um fenótipo resultante da mistura entre os dos indivíduos homozigóticos antagónicos.
A partir deste tipo de interacção entre os alelos de um gene, podem surgir fenótipos interessantes, tais como as "manchas" das vacas.


No caso da figura, as manchas negras correspondem à manifestação do alelo que determina a cor preta do pelo. Já as partes brancas dizem respeito à manifestação do alelo da cor branca.


É ainda importante o polialelismo, que Mendel desconhecia. Segundo Mendel, cada caracter seria determinado por um par de factores, havendo apenas dois tipos de factores. No entanto, veio a verificar-se, mais actualmente, a possibilidade do polialelismo, em relação a determinados caracteres do indivíduo, isto é, a possibilidade de existirem mais que 2 alelos possíveis para o carácter X. No entanto, mesmo havendo polialelismo, cada carácter continua a ser determinado por apenas 2 alelos, no genótipo, herdados dos progenitores (1 de cada progenitor).
O polialelismo pode ter origem em alterações de um dos alelos de um indivíduo, que as transmite à descendência.


Resumido e adaptado de:
CienTIC
Biologia 12º ano
V.V.A.A., Biodesafios, 1ª Edição, Porto, Edições ASA, 2005

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